quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Segurança pública é ter saúde social I




Juízes criminais, secretários, delegados, policiais, agentes penitenciários... A segurança pública não necessita de profissionais autoritários e sim com autoridade. Em um cenário cuja nação ainda não é capaz de ofertar aos seus nativos reais possibilidades de desenvolvimento, com acesso à educação, saúde, moradia, em suma, plena cidadania de forma democrática (estando contudo sendo dados os primeiros passos, ainda que lentos), continuamente se afirma uma cultura ambígua que se por um lado é passiva, por outro é negativamente reagente,  onde uma vez sem investir seriamente na prevenção, a todo tempo lança mão de ações repressivas que de modo incontestável se mostram absolutamente ineficazes.

Diante dessa problemática, entre tantos dramas constatados na segurança pública, não à toa a ONU propôs para o Brasil o fim da Polícia Militar, estes assim como as demais vertentes, a partir de treinamentos com verdadeiras táticas de guerra, vão para as ruas com sede de “justiça”. Muitas vezes comprometidos com a garantia da frágil sensação de segurança, por se encontrarem na ponta da lança, acabam por reproduzir atos criminosos que  por princípio deveriam coibir e condenar, resultando em uma série de crimes e execuções extrajudiciais.

Pequenos avanços como o fato da Polícia Militar de São Paulo não poder mais socorrer vitimas de crimes ou confrontos com autoridades, permitindo que sejam conduzidos por ambulâncias ou o fato de agora no registro policial terem sido alterados termos para explicar os atos arbitrários como “resistência seguida de morte” por parte do suposto criminoso, para “lesão corporal decorrente de intervenção policial”, demonstram o quanto é possível quando há comprometimento, investir na mudança e construção de novos paradigmas.

Distante do maniqueísmo que reduz essa realidade policial a ideia do herói e do bandido ou vítima e algoz, o fato é que todos os dias morrem os chamados criminosos, morrem os policiais e a violência que se tem buscado combater com mais violência demonstra ser incapaz de diminuir os conflitos e gerar a segurança tão almejada. É fundamental que a gente não se acomode com tal situação e seja capaz de se indignar, entretanto, é necessário ponderar, não será pela via de programas sensacionalistas, que são incapazes de nos fazer refletir com a lucidez necessária, antes desgastam os nossos sentidos que infelizmente lhes emprestamos em audiência.

Certamente não cairá dos céus o tão aspirado tempo de paz e se nos parece muito distante fazer algo, não precisamos ir muito longe, nada melhor do que começar por si, eis nos aqui! Convidados a essa tarefa árdua, desafiadora e ao mesmo tempo tão salutar nas minúcias do cotidiano, fazendo por exemplo o silêncio que evita o revide, é o se afastar para não discutir, não se levar tão a sério, nem se crê demasiadamente especial, é colocar os pés no chão e começar a caminhar a partir do próprio quintal.

Parece utopia, mas não é fantasia, muito menos ilusão, um dia estes registros serão apenas tristes páginas da história, como tantas outras o são, provavelmente nos chamarão de “Homens da Caverna Contemporânea”... Os netos dos nossos netos irão se espantar, em tempos mais felizes o Brasil ainda será um exemplo de nação, comecemos a construí-lo já!!



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