quinta-feira, 12 de julho de 2012

Entrega



Ter-te aqui diante dos meus olhos
Sob tão colorido matiz,
Diz senhor deste pobre coitado,
Serei eu digno de ser tão feliz?

Doravante meu nome é incapaz de me descrever,
Já não me contém e nem poderá deter.
Acaso a alma cabe na palma?
Vida, apenas me chame amor!

E agora, assim, infindo,
É como o mar revolto
Que em ti encontrou calmaria,
Tu és meu ninho, meu lar, meu porto.

Sou livre prisioneiro minha nobre senhora,
E a ti, todos os hinos de adoração,
Todas as flores do jardim,
O canto do sabiá, inteiro meu coração.




quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pensando Bem...



A busca do autodesenvolvimento implica em responsabilidades, pois, nenhuma conquista cai do céu ou ocorre de maneira gratuita, muitos são os desafios a si vencer, somos convidados a olhar para si sem vergonha ou pudor a fim de compreender como se dá o nosso funcionamento, reconhecendo quais as nossas reais demandas para crescer. De certo, são desafios que só podem ser vencidos, etapa após etapa mediante comprometimento, onde cada fase nos exige o pleno desenvolvimento de nossas habilidades, só assim é possível seguir adiante rumo a novas conquistas.

Nessa imersão nos deparamos com forças e fragilidades em um jogo complexo de sombra e luz. Árdua tarefa, duras batalhas e claro sempre há suaves refrigérios durante a jornada. Aqui estamos nós passando por transformações que pouco a pouco nos dão uma melhor compreensão da vida, temos a chance libertadora de recomeçar, de caindo levantar  e continuarmos a seguir, vamos percebendo ser mais saudável estender a mão ao invés de apontar o dedo e que isso não implica em nenhuma condescendência.

Há muito que vencer, os olhos veem e não conseguem enxergar, ainda se fixam sobre o invólucro da aparência, percebendo atributos físicos ou financeiros, distinguindo pessoas pela cor da pele, textura de cabelos, vestes ou calçados, nacionalidade, em fim... Presos à rótulos e títulos, ditados pela beleza ou falta dela, determinamos o modo de tratamento ao semelhante. Em países como o Brasil, vivenciamos uma ditadura sexista cuja as formas físicas nos reduzem a uma mera esfera de desejante ou objeto de desejo sexual. Trata-se de uma cegueira profunda, temos muito que caminhar para transformar essa situação e sair desse nivelamento superficial.

Um dos maiores desafios é a sexualidade, essa energia vital, força que pode ser canalizada de muitas maneiras e claro utilizada de modo convencional (durante as interações amorosas), é sempre fortuita e revitalizante desde que não sirva a um mero instinto que reduz o homem a sua dimensão animal, uma vez que este raciocina, deve colocá-la sobre o crivo de sua razão. Mudar esse paradigma será trabalhoso, países espoliados como o nosso possuem heranças de exploração sexual difíceis de suplantar nas primeiras tentativas, mas, não devemos desanimar, com coragem e determinação é que o homem vence a si mesmo e pode se superar.

Que em tempos futuros, nenhum ser humano seja relegado a mero objeto de prazer e manipulação sexual de outrem, que as relações sejam construídas sobre bases sólidas, de respeito, amor, confiança e admiração. Não seja o homem vítima dos seus desejos, manipulando e sendo manipulado por suas carências, que nossas deficiências sejam sublimadas e se transformem em potencialidades. Que se multiplique o olhar que admira, os abraços fraternos que inspiram e o gratuito bem querer, viva as relações sinceras porque são essas que fazer nosso viver valer, que cresça o amor em todas as suas formas e que sem demora renove o nosso ser, que se multipliquem os laços de amizade, que as conquistas e alegrias alheias nos tragam felicidade. 

 O homem insiste em permanecer na tenra infância, mas, a realidade é que o tempo de criança já passou, de certo que algo dela precisamos preservar, porém, com certeza não é a imaturidade. Precisamos desse autoconhecimento para melhor conviver, trocar, somar, crescer... Sigamos o exemplo da borboleta que ao se transformar nos atesta a possibilidade de sublimação (desde que queiramos) e que sem mais demora saíamos dessa cegueira de agora, há tanto o que viver, não é justo conosco ou com a vida subestimar o potencial da existência.