quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Natal é renovação



Quem já saiu de um pseudo diálogo com a sensação de ter travado uma batalha, sabe o quão cansativo, inútil e pesaroso essa situação costuma ser. Podemos ser educadamente grosseiros em meio a farpas e ofensas destiladas com o sarcasmo e o verniz de um humor desbotado.
Mas, será que vale a pena? Ora, nessas circunstâncias não há vencedores e derrotados, todos saem perdendo. Certamente é um desafio vencer o primeiro ímpeto de “ter razão”, “de sair por cima”, “de não deixar barato”, o ego e o orgulho explodem com mil frases de efeito para nos dar motivação.
Contudo, se realmente tivermos o compromisso com ideais mais lúcidos e maduros teremos então que abdicar de lutas inglórias em vãos duelos que de nada servem ou tem para nos ensinar.
Silenciemos por um momento, nos afastemos da situação, que tal nos darmos tempo para uma reflexão? Quem disse que a serenidade e a paz chegarão beijando-nos as mãos? Trata-se antes de tudo de uma conquista íntima que exige disciplina e autodeterminação.


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

"A União faz a força"



O machismo quer nos fazer crer que as mulheres são falsas amigas, inimigas que rivalizam entre si competindo por status e poder, tudo para nos entorpecer!
Como se já não bastassem os alienantes paradigmas de feminilidade, a beleza alheia, ou o bom caráter não é “permitido” admirar ou qualquer sorte de elogio tecer, sobre pena de ser rotulada de lésbica ou bissexual (não que ajam nessas escolhas algo de mal), o perverso é a intrínseca noção, que nos submete a lógica de tão estúpido padrão.
Precisamos ficar atentas, discernir e perceber, a velha máxima já nos avisa da usual tática: “dividir para enfraquecer”. Unidas somos muito mais fortes, é preciso ir adiante, então sigamos avante para esse tão lamentável cenário conseguirmos transcender, por mim, por você, pelas que virão nesse mundo conviver!



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

As Paixões da Alma



"As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das maiores virtudes".

Art.148. O exercício da virtude é um excelente remédio contra as paixões.
Se bem que essas emoções inferiores nos atinjam mais de perto e possuam, consequentemente, muito mais poder sobre nós do que as paixões que se encontram com elas, e das quais diferem, é certo que, uma vez que a alma tenha sempre do que se contentar em seu íntimo, todas as perturbações que provêm de outras partes não dispõem de poder algum para prejudicá-la; mas antes servem para aumentar a sua alegria, pelo fato de, vendo que não pode ser por eles ofendida,  conhece com isso sua própria perfeição. E, para que a nossa alma tenha por que estar contente, necessita somente seguir estritamente a virtude. Pois, quem quer que tenha vivido de tal forma que sua consciência não possa censurá-lo de jamais haver deixado de fazer todas as coisas que reputou serem as melhores (que é o que denomino aqui seguir a virtude), recebe daí uma satisfação tão intensa para torná-lo feliz que os mais veementes esforços da paixão jamais têm poder suficiente para perturbar a tranquilidade de sua alma.

Art.152. Por que motivo podemos estimar-nos.
Posto que uma das principais partes da sabedoria é saber de que maneira e por que motivo cada pessoa deve estimar-se ou desprezar-se, exporei aqui minha opinião. Percebo em nós somente uma coisa que possa nos fornecer a justa razão de nos estimarmos, que é a utilização de nosso livre-arbítrio e o domínio que possuímos sobre as nossas vontades; pois é apenas pelas ações que dependem desse livre-arbítrio que podemos com razão ser elogiados ou reprovados, e ele nos torna de algum modo semelhantes a Deus, fazendo-nos senhores de nós mesmos, desde que não abdiquemos, por covardia, dos direitos que ele nos outorga.
[...] Se evito exprimir meu juízo a respeito de uma coisa, quando não a concebo com bastante clareza e distinção, é evidente que o emprego muito bem e que não estou equivocado; porém, se decido negá-la ou afirmá-la, então não emprego como devo meu livre-arbítrio; se garanto o que não é verdadeiro, é evidente que me equivoco, e mesmo que julgue de acordo com a verdade, isto não acontece, a não ser por acaso e eu não deixo de errar e de empregar mal meu livre-arbítrio; pois a razão nos ensina que o conhecimento do entendimento deve sempre vir antes da determinação da vontade.
Descartes em As Paixões da Alma


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Esperançar



Esperança no recomeço,
Que vem do lado inverso do avesso,
Esperança que sempre se renova,
E vigora a toda prova.

Esperança de “eus” melhores no meu amanhã,
Mais livre, mais sábia, mais sã.
Esperança de maior harmonia e delicadeza,
Esperança de olhar mais suave e verdade sem rudeza.

Esperança de viver ainda melhor e em paz,
Esperança de evitar os males a mais,
Esperança de ter força e coragem sem vaidade,
Esperança de ter mais fé e me tornar uma grande mulher.

Esperança de romper com as amarras,
E não ter grilhões,
Esperança de ser inteiramente livre,
E respirar o ar a plenos pulmões.





segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Vã tirania



Minha inocência com prudência
Vai pedindo permissão
Para dizer a esse mundo,
Que posso até parecer,
 Mas não sou boba não.

Me arrependo do arremedo,
De ter medo do vão,
Minha crença na descrença,
Virou indecisão.

No silêncio taciturno,
Desse vento noturno,
Me cubro e descubro,
Desviro e não durmo.

Minha inocência com prudência
Vai abrindo meu chão,
Rompe um grito maldito,
Diante da vã tirania,
Apenas oferto meu não.



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Filhos



Esquecendo do livre-arbítrio do qual os seus filhos também são dotados, a pergunta mais dolorosa que os pais podem se fazer  é “onde foi que eu errei?”, ao verem seus filhos “alienados”, caminhando por caminhos “tortuosos”, muitas vezes fora da lei.
Essa situação é fonte de grande inquietação e sofrimento e quando despontam os momentos de dificuldade, entre os poucos amigos de verdade, são eles que estarão sempre juntos afinal, auxiliando e fortalecendo os seus rebentos a despeito do “bem” ou do “mal”.
Talvez fosse preciso lhes assegurar que boas árvores também dão “maus” frutos, para abandonarem a culpa habitual que tanto os corrói, mas isso soaria como um grande insulto que ainda mais dói. 

De todo modo, dignidade e bom caráter não podem ser desacreditados como se fossem conceitos obsoletos e a educação apesar de não ser uma total garantia é sim significativo elemento de prevenção.