quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Encanto



Tuas pupilas,
Negras meninas,
Duas estrelas
A iluminar.

Faróis,
Embaçam minha visão,
Tamanho clarão,
Sou nau em mar aberto,
Prestes a naufragar.

Em meio ao ondear revolto,
Eu solto, salto,
Para em ti aportar,
Teimosamente me ancoro,
Onde todos cismam em se afogar.




segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Rendição



O tempo que passo distante do mar,
É vida não vivida,
Como do amor, um mal amar.

Na duração do momento que se espraia,
Tudo é em vão no vão das horas,
Em que não tenho meus pés na praia.


Aquarela


Respinga a tinta no papel,
Ganha a tela,
Pintura de aquarela,
Nobre e bela.

Do céu do seu olhar,
Frutífera horta,
Tudo nasci, tudo brota.

Feita para encantar,
Eis me aqui,
Refém por te amar.

Tem o azul do céu,
E o verde do mar,
Toda imensidão
Está no seu olhar.


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Educações no Brasil



Falar sobre educação em países como o Brasil nos fomenta reflexões das mais variadas ordens, se pensarmos no paradigma educação pública versus educação privada, logo constatamos o quadro de precarização do sistema educacional público brasileiro, o que não é de modo algum novidade para a sociedade, sendo especialmente agravado na região norte e nordeste. Contudo, engana-se quem pensa que apenas a rede pública goza de tão infeliz status, a rede privada também padece, entretanto, por outra via, onde se o ensino público é de modo geral essa falência declarada, o privado ao oferecer uma formação voltada exclusivamente para a meta de formar vestibulandos aptos a ingressar nas universidades federais e estaduais também reduz muito o real potencial formativo que deve ter a educação.

Reconhecendo sua dimensão política como bem diria Freire, a educação em parceria e continuidade à família deve ser capaz de formar não apenas bons vestibulandos, mas cidadãos críticos e conscientes. Com valores muito aquém do ideal preconizado pelo  Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), de modo geral, quando observada às diferenças entre rede pública e privada, constata-se o óbvio, de que há educações distintas sendo desenvolvidas em território nacional, onde tais diferenças servem apenas como elemento excludente e marginalizador no sentido stricto da palavra. Sendo assim, ainda que se aponte avanços, resta a certeza de que existe muito que caminhar numa  oferta de formação que faça jus ao termo Educação.

Essa formação passa por uma mudança radical na concepção literalmente medieval de transmissão de ensino, de educação que até hoje vige em nossa sociedade, a qual contraditoriamente vivencia a era da informação e do conhecimento. É preciso repensar e reconstruir lugares e papéis nesse novo cenário, onde o estudante não é mais o mesmo, o professor e a escola também não podem ser, como bem disse Viviane Mosé: “Não  é mais possível que a educação se resuma a administrar conteúdo, tem que ser desenvolver raciocínio, análise e interpretação de dados... É preciso criar e não repetir”.
Quando tivermos alcançado esse nível, certamente teremos maior espaço para arte, filosofia, tecnologia com integração ao meio-ambiente, a cidadania transversalizada nos conteúdos, além da inclusão de noções fundamentais de áreas de conhecimento como psicologia, direito público, entre outros, uma vez que se trata de uma negligência aterradora não ofertar aos estudantes em formação desde a tenra idade o contato mais articulado com todo esse conhecimento já produzido e que está em permanente construção, implicando-os como atores que integram esse processo e também podem não apenas construir mais desconstruir paradigmas quando obsoletos. 

É preciso colocar os indivíduos em formação em contato com os ditames sobre os quais se edificam não apenas o seu país de modo político-econômico-cultural, mas a sociedade global na qual ele se encontra inserido, além de estabelecer contato com o saber sobre o comportamento humano do ponto de vista subjetivo e social, entre outros aspectos, dotando-os de familiaridade com dimensões de valor e importância fundamentais em uma sociedade que se pretende democrática.

O que temos por tanto na atualidade ainda é um projeto de educação que não saiu efetivamente do papel, mesmo possuindo uma Lei de Diretrizes e Bases (LDB) robusta, o que temos até o momento é uma educação que está redundantemente por se educar/politizar no sentido rico do termo para poder cumprir o seu real papel. Certamente cada cidadão possui a sua parcela de responsabilidade nessa construção que não se dará se não com as nossas ações e força articulada reivindicando o que é legítimo e se faz urgente, uma educação formativa emancipada e emancipatória.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Paz pela Paz


Seria muito bom e cômodo acreditar que a paz chegará como uma brisa fresca a nos acarinhar, talvez na mudança de estação, em um dia de chuva ou solar, mas tal crença é bastante pueril, se assemelhando a reivindicar uma conquista sem antes por ela batalhar.
Assim, chegamos à constatação de que a luta é justa, mas árdua e de que jamais coube ou caberão armas e guerras que covardemente em defesa dela se intitulam apenas para gerar mais violência .
Não deve ser surpresa afirmar que a paz começa em mim, começa em ti, começa em nós, por mais clichê que isso possa parecer... É nas minúcias do cotidiano que somos convidados a renovar os votos de pacificação sem confundi-los com a passividade.
Se bem nos observarmos perceberemos inúmeros pensamentos, emoções e atos de irrefletida agressividade e violência, é preciso deles tomar ciência a fim de os transformar, dando menos valor ao egoísmo e ao orgulho que tanto nos impedem de melhor conviver e viver a verdadeira potência em essência do ser que é amar.