Música alta dentro de ônibus é senso comum de que incomoda
(exceto para quem a propaga claro), no desempenhar de nossas rotinas nos vemos obrigados escutá-las. De certo, é algo pra se questionar, como chegamos a esse ponto? Em um ambiente
social a vontade particular se impondo arbitrariamente para a coletividade? Rompimento dos mais sutis laços de cidadania, existem apenas direitos.
Este quadro denuncia
nossa já conhecida fragilidade educacional, o indivíduo que não tem
introjetado tais valores não é capaz de um pleno exercício de sua cidadania,
não enxerga que os direitos dele começa onde o do outro termina, por isso,
impõe sem preocupações o seu comportamento, nesse caso, o som que pra variar costuma ser alto... Mas afinal, o
que será que está por detrás deste ato tão disseminado e continuamente crescente? Pode-se dizer
que a popularização dos celulares é fator primordial, mas este é um dos
veículos pelo qual se dá (também
existem rádios portáteis com caixas de sons potentes), entretanto, ambos tratam-se do
efeito e não da causa.
E
se a motivação estiver em chamar a atenção, seria possível? Em mundo
narcísico este certamente deve ser um fator importante a se considerar e o
levando em conta... Neste caso, chamar atenção para o quê? O que trazem
estes conteúdos musicais? Existem diferentes estilos de "djs"? Sim,
desde os que ouvem músicas com conteúdos românticos aos de protestos,
passando pelas de conteúdo sexista. Variam as formas de expressão, alguns
cantam juntos, outros formam verdadeiros grupos de percussão batucando no
famoso "fundão". O que tudo quer nos dizer, o que se está a alardear?
já ouvi jovens
cantando apaixonadamente refrãos tão pesados, com tamanha agressividade, me parecem denunciar com certas letras situações
sociais muito mais dramáticas. Entretanto é
leviano atribuir tal ação apenas as classes populares, pois, proprietários de
veículos privados populares ou de luxo repetem a mesma ação, cada vez mais tunam seus carros com
caixas de sons potentes, verdadeiros mini trios elétricos que seguem a mesma lógica dos
"djs do buzu" (claro que de modo mais fortemente atrelado a valores narcísicos)
Com certeza em ambos os casos falta educação (no sentido amplo da palavara) portanto, não tomemos o efeito pela causa. Parece
que o quadro baseia-se na seguinte questão: A cidadania que não reconheço em
mim, não sou capaz de reconhecer no outro que, aliás, pra mim é um estranho.
Não há o que se perder, ganho mais em escutar por afronta, exibição ou alienação,
imponho minha vontade e sei que ninguém vai reclamar (em tempos de violência
ninguém vai arriscar-se a uma possível agressão).
E tantas outros
aspectos devem estar a influenciar essa situação e é fundamental buscarmos compreender o que culturalmente estes
fenômenos significam. Campanhas espalham-se não só na Bahia, em prol da
conscientização e ela é necessária, mas se quisermos realmente parar de secar
gelo, vamos investir na base que nos garanta uma boa formação nos tornando aptos a exercer plenamente a cidadania a fazer jus ao título de cidadão.