Quem já viu o sol nascer e aplaudiu o sol se pôr, quem tomou
banho de mar, de rio, de luar, ah quem vislumbrou uma noite estrelada na
varanda, na sacada de sua casa ou em uma estrada de terra, somente pela lua
iluminada, quem viu a flor desabrochar ou a cheirou desabrochada, quem
já quis voar feito passarinho, quem viu o cair da chuva e não tentou se
proteger, quem não vendo ou ouvindo, sentiu o cheiro da terra molhada, quem
caminha a passos largos ou curtos nessa estrada.
Quem
sentiu esperança e sorriu bobo feito criança, se encantou com o arco-íris,
mesmo que seja em um lampejo, com uma música ou uma dança, quem cantarolou uma
canção, quem já se pegou rindo de si, quem já suspirou e não abre mão da
própria companhia tanto quanto dos bons encontros, quem não espera o fim do ano
pra se renovar e apesar das dificuldades torna a abrir os braços e ir à vida
tão múltipla e colorida, ah, teve um momento de luz e de pureza, sentiu no
peito essa certeza mesmo sem poder evitar depois vim a vacilar...
Por
certo vibrou com essa verdade que parecia se revelar, é sempre a mesma e é
sempre tão nova, atenuando as diferenças, superando qualquer crença,
avassaladora, chega sem pedir licença, verdade rica a nos irmanar, quem se
surpreendeu com o ser humano e se deu conta que ele é um oceano, percebeu essa
sede de ser feliz que em todos os homens se revela e afirma em uma essência
comum que jamais se contradiz. Essa constatação pelos múltiplos sentidos, com
todos os desafios e convites que acaba por nos fazer, tão sútil em nos pedir, a
cada coração pertence e cabe a cada mente refletir.
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