Nesses tempos onde tudo
é fast, o futuro parece tão inseguro,
procuramos desesperadamente estabilidade financeira, criamos padrões, seguimos
modelos e chegamos mesmo a inventar termos como “concurseiros”, ansiosos em passar para algum
concurso público onde tenhamos os salários garantidos, sem levar em
consideração se a função oferecida está em consonância com nossas aspirações.
Nos esquecemos do bem estar pessoal, acreditando piamente que podemos
resumi-lo à aquisição de bens, com o passar do tempo, surge a insatisfação,
stress e depressão viraram termos da moda, porém, não são mais que consequência
“natural” dessa tentativa insana de nos reduzir a uma dimensão que atende
unicamente a lógica capitalista, lógica essa que teima em guiar nossa cultura e
nosso modo de existir no mundo.
Triste fim que o homem valha pelo que possui e não pelo que
é, nessa correria não há tempo para refletir, se autoconhecer e trilhar um caminho comprometido com a nossa felicidade, o
mundo aparece com mil urgências e não cessa de inventar
necessidades supérfluas e descartáveis. O que estamos fazendo conosco,
entregando horas a fio de nossas vidas desempenhando funções sem significado
íntimo? E o pior, muitas vezes sem o mínimo de compromisso e respeito
necessário pelo salário recebido, o qual cumpre a função com a qual mais nos
preocupamos; o sustento.
Não se trata de utopia, nem vã reivindicação, de certo, o
homem precisa trabalhar e existem demandas para a sua sobrevivência, o trabalho
honesto e as conquistas que dele advém são salutares, entretanto, é bem melhor
quando estão em consonância com nossas aspirações, nos possibilitando o
desenvolvimento das potencialidades. Vida genuinamente próspera só é possível
com bem estar e satisfação íntima, nos garantindo prazer no exercício da
profissão (seja ela qual for).
Não nos enredemos neste discurso competitivo, nessa corrida
para o abismo solitário onde repousa nossas aspirações desbotadas, sempre que
nos entregamos à falsa ideia de que ter um trabalho por si basta e satisfação é ter dinheiro
no bolso, depositando a expectativa de tranquilidade e realização de sonhos em um
futuro longínquo normalmente associado a aposentadoria que pode não chegar, afinal não sabemos quando
seremos convidados a voltar para casa, a nos retirar.
Hora, a vida é curta, quando vemos já passou, não temos o
direito de desperdiçá-la amargando os nossos dias e os de quem conosco convive
ou precise dos nossos serviços. Dos garis, médicos, professores, motoristas e
outros milhares de profissionais com que na vida cruzamos, sabemos muito bem
fazer essa distinção, é diferente quando tem verdade, real comprometimento,
respeito, amor e dedicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário