Quem dera que nesse período as cidades recebessem um banho de
intervenções que conclamassem os
cidadãos para o amplo debate político, de modo a pensar as demandas sociais e
possíveis meios para a sua efetiva resolução, mas, nesta época de eleições ganham
mesmo é um banho de poluição, sonora, visual, intelectual e o pior de enxovalhamento do que deveria ser exemplo de exercício democrático... Nos muros,
pinturas e adesivos com propagandas políticas brigam por espaços, jardins públicos,
morros, prédios e casas ganham placas e faixas, locais são alugados e viram
cedes de comitês, cabos eleitorais são contratados, santinhos distribuídos...
Nas diversas mídias multiplicam-se propagandas, carros de sons são espalhados
pelas cidades, repetindo até exaustão dingos que pretendem fixar os números dos
candidatos em nossas mentes pela repetição. Quanto dinheiro desperdiçado, gasto
em vão!!
Com a chegada do horário eleitoral, constatamos mais uma vez a
realidade do ditado que sabiamente diz: "Seria cômico, se não fosse
trágico", tem-se a impressão de que os indivíduos mais
incapazes sentem-se aptos a se candidatar, na maioria das vezes o que
se vê são pessoas sem o menor preparo intelecto moral, diante de uma
câmera a ler mensagens patéticas, tentando soarem íntimos dos eleitores
utilizando-se de apelidos ou adjetivações infantis.
Em 2010 segundo a Confederação Nacional dos municípios, foram
eleitos exatos 57,434 vereadores em todo o país, com relação aos prefeitos, o
Senso 2010 revela que existem 5,564,00 municípios, e agora em 2014 serão
eleitos não só um (a) presidente da república, como governadores dos estados,
deputados federais, estaduais e distritais, o
que significa que estará sendo formado um verdadeiro exército com poder
legislativo, executivo e idealmente fiscalizador.
Durante o período de atividades politicas,
o dispêndio do dinheiro público chega a quantias
exorbitantes, as quais muitas vezes são desviadas do seu real e necessário
destino pela politicagem acabando por escoar pelos ralos da corrupção.
Assim, o funcionamento do aparelho público segue deficitário, perpetuando esse
"modus operandi", em grande parte, este quadro deve-se ao fato de que
infelizmente serão poucos eleitos em ambas as esferas realmente preparados e
comprometidos com a séria demanda do país.
A corrupção é esse câncer instaurado, aos quais projetos como
ficha limpa ganha status de quimioterápicos, entretanto, a jornada é longa e árdua,
porque a demanda por transformação é imensa, ainda estamos muito aquém do
necessário e ainda mais, do ideal. Não se trata de fazer par com o
pessimismo, existem sim sujeitos éticos, comprometidos com os interesses
sociais, engajados pela construção de um país e de um mundo melhor, buscando
fazer no micro, até o impactar no macro, existem políticos honestos,
entretanto, ainda são minoria que confirma a regra instaurada, geradora da
triste cultura do jeitinho brasileiro que nos rende o título de país da
corrupção e consequentemente essa profunda descrença social na política como
via importante de transformação.
O Brasil pretende chegar ao índice 6 de Desenvolvimento Básico
da Educação em 2021, quando países desenvolvidos já o alcançaram em 2006, o que
é profundamente lamentável porque a mudança de consciência que levará este país
para frente, essa transformação só será possível acontecer se tiver como aliada
fundamental uma educação realmente de qualidade, alicerçada em uma dupla dimensão,
tanto cívica como moral, sendo capaz de contribuir na formação de
cidadãos críticos e éticos.
Não devemos é claro
perder a esperança, apesar da vergonha desse quadro, com real
querer, comprometimento e uma certa dose de indignação é sempre
possível mudar. Comecemos por nós mesmos antes de cobrarmos do governo, os
políticos saem do seio de nossas famílias! Analisemos nossos atos cotidianos a
fim de averiguar se também não cometemos pequenas corrupções no dia-a-dia, em
busca de vantagens. Tenhamos consciência do valor do nosso voto, afinal não se
vota em ninguém por camaradagem ou por qualquer sorte de benefício pessoal
futuro.
Avaliemos os candidatos com discernimento e independente
de ser ele o eleito ou não, quem ganhar a eleição estará nos representando,
portanto, devemos acompanhar o mais que possível o seu mandato. Exerçamos a
nossa cidadania plenamente, ciente de que um cidadão é senhor de direitos
mas também de deveres, certos de que o bem estar pessoal é indissociável do bem
estar comum.
Pode parecer idealismo utópico, em uma nação com milhões de analfabetos
completos ou funcionais, onde ainda há tanta pobreza e miséria e a política que
impera é de assistencialismo, entretanto, não é disso que se trata, afinal,
ninguém afirmou que a mudança seria fácil ou para amanhã. O Brasil é uma nação
rica, múltipla, com vasto potencial, tenhamos a certeza de que os
passos iniciais já estão sendo dados e precisam cada vez mais estar
alicerçados em real comprometimento e consciência crítica para que haja uma
renovação política e social, findando a era da politicagem para que esse país
seja realmente justo, de todos!
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