Eu ficava sempre na janela, coração na mão a espera de
você chegar... Será que vai vir durante a madrugada ou só quando o sol
raiar?Quando apontava no início da rua, voltava para cama e fingia que dormia,
que não ouvia o barulho no portão, a preocupação cessava, mas, a mágoa não.
Pela manhã me contava uma história qualquer e eu fingia que acreditava e não
saber que se tratava de outra, além da outra mulher.
Cinco anos se passaram e eu ainda alimentava a ilusão
de que um dia você iria mudar, iria reconhecer o meu valor e eu estaria ali de
braços abertos, disposta a perdoar e te dar meu amor.Mais um ano e você não
mudava, e fui ficando cansada, perdendo a esperança, calejando o coração. As
crianças eram motivo para continuar, elas precisavam ter uma família, um lar.
As crianças eram pretexto para eu negar minha covardia, minha falta de
coragem para mudar.
Dezembro já apontava e eu pensava, mais um ano não! O que
eu estava fazendo comigo, parada ali, me tornando amargurada, distante dos
amigos, já nem sabia o que era sorrir. Por quê continuar se era tolice
insistir?
Naquela noite eu nem consegui dormir, mas não por
estar mais uma vez a sua espera, eu tecia uma nova vida pra mim, quando o sol
raiou, era eu quem renascia, bem antes do seu relógio despertar, eu fui fazendo
as malas e nem dei por ti, que acordou com ar de inocente me perguntando o que
estava acontecendo ali.
-Ora, acabou meu bem, é o fim! Estou cansada de forçar
a barra da vida, cansada de esperar por você, que vê em mim uma mãe, uma babá,
uma dona de casa, uma escrava do lar, mas, não alguém que você soubesse, que
fosse capaz amar.
- Sei que não é o único culpado, afinal ninguém
constrói sozinho uma relação e ao me calar fui conivente, cega, inexperiente,
entregue aquela paixão. Por favor, não tente me deter, não segure a minha
mão... Acabou, quero a separação!
Janeiro se anunciava e o ano era inteiro novo, novos
ares naquele verão, as crianças não se afastaram de você, parece até que agora
lhes dar mais atenção. Dizem até que você não bebe mais, que antes das dez
chega em casa, se esforçando por ser um bom rapaz. Ousam me aconselham a
reconsiderar, mas agora sou pássaro livre, voo mais leve do que o ar!
Retomar os estudos, voltar a trabalhar, fazia tantos
planos, a vida pulsava em meu peito e eu não a iria mais sufocar, me sinto até
mais bonita, vejo a vida colorida e sei que ainda posso voltar a amar.
Olá :)
ResponderExcluirQue conto forte,emocionante,verdadeiro.E bonito.
Gostei demais!
Voltarei outras vezes.
Bjs!
Obrigada Clau,
ResponderExcluirVolte sim, será sempre bem vinda!
Apesar de não ser casada ou ter filhos,
fico feliz em ter conseguido passar uma verdade.
;-)