Acredito que muitas vezes as relações podem constituir-se apenas como
somas de incompletudes. Onde buscamos loucamente sermos felizes, depositando no
outro expectativas e transferindo necessidades, muitas vezes negando a si
mesmos. Se as relações partirem desse paradigma possuem grandes chances de
serem meios de infelicitude. Relações que podem proporcionar prazer, mas,
não realização, satisfação e que muitas vezes enredadas em ilusões e mentiras
causam a médio e longo prazo sofrimento de várias ordens.
Mulheres objetificam-se na busca de serem admiradas, desejadas e mais,
claro que a mulher quer mais, na busca de serem amadas, de tal modo
equivocadas, acabam por si desrespeitar. Nunca compramos e nos vendemos tão
fácil à imagens estereotipadas que reforçando o machismo ancestral teimam em
nos reduzir a objeto sexual. Homens, quantos homens preocupados com a
quantidade de conquistas não conseguem passar da página dois, sabendo apenas
serem dons Juans.
Especializados na “arte” da conquista passam muitas vezes por
cima da verdade, enganam, ludibriam e perdem a si mesmos pelo caminho, sem
habilidade para lidar com as demandas reais das relações quando acaba o
repertório. Perdem-se pelo caminho porque se não é possível sermos felizes sozinhos
confundido corações carentes, tantas vezes fragilizados também não.Nessa ânsia
de felicidade, nestes tempos turbulentos onde a superfície do mar está sempre
revolta, onde as ondas são bravias e às vezes surpreendentemente terminam
frágeis beira mar, mergulhamos e muitas vezes nos afogamos em relações pouco
sadias.
Então, acredito que não há outro caminho que não do auto enfrentamento
dessa incompletude, sem buscar fantasiosamente o outro e no outro o suprimento
de demandas que são nossas. Quem tem que nos amar primeiro somos nós, quem
precisa se cuidar, se proteger e ser nosso melhor amigo também somos
nós. Se percebermos isso, vamos pouco a pouco desistindo da falsa idéia da
metade da laranja e finalmente poderemos ser inteiros, em relações onde as
pessoas se encontram, trocam e somam ao invés de subtrair.
Já é árdua a tarefa de ser humano por si só, afinal essa inteireza está
sempre em construção e transformação que às vezes causam inevitáveis impactos
nas vidas alheias, nem sempre conseguimos tomar as melhores decisões, emitir
opiniões e atitudes mais sensatas, agimos impulsivamente.
Acredito que a consciência de nossa humanidade faz com que sejamos mais
generosos com a dos outros e também mais respeitosos. Que apesar das
dificuldades, nossa necessidade legítima de felicidade, de bem estar, assim
como de liberdade não se torne pretexto distorcido e virem apenas uma ânsia
louca que só nos traga infelicidade.
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